- Como assim? Um professor escrever um texto com um título
desses?
Calma. Explicarei (ou tentarei explicar) o porquê disso...
Depois que me formei em Letras – Português/Inglês, fiz
quatro especializações: Educação em Direitos Humanos; Educação para a Diversidade;
Educação Ambiental; e Gestão Escolar: Orientação e Supervisão. Isso quer dizer
que fiquei, mais ou menos, seis anos estudando depois da graduação. E para quê
isso?
Pós-graduação em Direitos Humanos, quando as pessoas são
cada vez menos respeitadas... Pós-graduação em Diversidade, quando as
diferenças são cada vez mais condenadas... Pós-graduação em Educação Ambiental,
quando a classe política não está nem aí para o meio ambiente... Gestão Escolar,
quando a escola virou símbolo de sucateamento e decadência...
Sim, as eleições deste ano me fizeram refletir sobre as
áreas de estudo para as quais dediquei anos de minha vida acadêmica. Foi como
nadar contra a maré. Foi como achar estar sonhando e, na verdade, ter tido um
pesadelo. Foi como sentir-se quase inútil construindo conhecimentos que, hoje,
parecem não mais valer.
As manifestações de ódio, a intolerância e a polarização no
país tomam proporções avassaladoras. Não seguir o fluxo torna você um
contraventor. E, às vezes, seguir o fluxo torna você cúmplice.
São tempos difíceis. Tempos em que é árduo aconselhar alunos sobre a continuidade dos estudos, sobre cursos superiores, sobre profissões, sobre futuro... São tempos em que a luz no fim do túnel pode, de fato, ser um trem enorme que passará por cima de você.
Mas, no meio de toda essa turbulência, ainda é preciso crer
numa palavra: esperança. Esperança de que o estudo valha para a transformação
da sociedade, porém para uma transformação boa, sem retrocessos, sem cogitação
de inutilidade, sob pena de frustração.
Esperança, sim, por favor!
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