domingo, 7 de outubro de 2018

OPINIÃO | A (in)utilidade do estudo

- Como assim? Um professor escrever um texto com um título desses?

Calma. Explicarei (ou tentarei explicar) o porquê disso...

Depois que me formei em Letras – Português/Inglês, fiz quatro especializações: Educação em Direitos Humanos; Educação para a Diversidade; Educação Ambiental; e Gestão Escolar: Orientação e Supervisão. Isso quer dizer que fiquei, mais ou menos, seis anos estudando depois da graduação. E para quê isso?

Pós-graduação em Direitos Humanos, quando as pessoas são cada vez menos respeitadas... Pós-graduação em Diversidade, quando as diferenças são cada vez mais condenadas... Pós-graduação em Educação Ambiental, quando a classe política não está nem aí para o meio ambiente... Gestão Escolar, quando a escola virou símbolo de sucateamento e decadência...

Sim, as eleições deste ano me fizeram refletir sobre as áreas de estudo para as quais dediquei anos de minha vida acadêmica. Foi como nadar contra a maré. Foi como achar estar sonhando e, na verdade, ter tido um pesadelo. Foi como sentir-se quase inútil construindo conhecimentos que, hoje, parecem não mais valer.

As manifestações de ódio, a intolerância e a polarização no país tomam proporções avassaladoras. Não seguir o fluxo torna você um contraventor. E, às vezes, seguir o fluxo torna você cúmplice.

São tempos difíceis. Tempos em que é árduo aconselhar alunos sobre a continuidade dos estudos, sobre cursos superiores, sobre profissões, sobre futuro... São tempos em que a luz no fim do túnel pode, de fato, ser um trem enorme que passará por cima de você.

Mas, no meio de toda essa turbulência, ainda é preciso crer numa palavra: esperança. Esperança de que o estudo valha para a transformação da sociedade, porém para uma transformação boa, sem retrocessos, sem cogitação de inutilidade, sob pena de frustração.

Esperança, sim, por favor!