Às vezes, a sala de aula parece um campo de batalha. É uma
luta entre o professor e os alunos. Aquele solitário, e estes quase sempre
unidos.
O professor realiza várias ofensivas. Uma delas é tentar construir
conhecimento. Mas os alunos, resistentes e imponentes, repelem isso com bombas
de desânimo e armas de última geração que disparam desmotivação.
Em outra tentativa, o professor – ser incansável – arrisca
uma ofensiva de humanização. Porém os alunos, mesmo que em armada, têm seus
íntimos individualistas e, mais uma vez, derrotam o docente.
Então, o professor, desesperado que está, apela para a
importância do estudo no futuro. Por um momento, acredita que obterá vitória,
que está conseguindo alguma atenção. No entanto, os alunos logo apresentam seu
contra-ataque. Argumentam que o futuro é longe e que, no presente, não
necessitam daquilo. “Daquilo o quê mesmo?” Ah, sim, o conhecimento, o estudo.
Frustrado, ao tocar o sinal, o docente, novamente, se
encontra derrotado e volta para seu lar depois, claro, de perder mais batalhas
nos outros dois turnos (tarde e noite). Em casa, com um resto de esperança, ele
busca um apoio estratégico em livros, em teóricos. Por fim, (re)descobre que
esses teóricos são apenas teóricos, não vivem/viveram numa realidade como a
dele.
Assim, petrificado, o professor vai tentar dormir, porque
sabe que precisa de algumas horas de sono para enfrentar as batalhas do dia
seguinte. Ele tem quase certeza de que será perdedor outra vez, mas, no fundo,
no fundo, ainda lhe resta uma esperança. E é isso que o move.