Pelo Facebook, vocês já viram que eu DE-TES-TO gincanas.
Penso que a competição não é saudável e que, além das ofensas e rivalidades
durante o evento, criam-se inimizades após ele.
Mesmo assim, aceitei o convite para escrever uma crônica
para a equipe “Vai, Vovô!, da minha amiga Larieti Assis. A competição teve fim
ontem (16). A prova pedia um texto sobre algo envolvendo o comércio de Santo
Antônio da Patrulha, texto que deveria ser escrito por um autor local. Então,
fiz sobre uma interiorana que fazia compras no centro aos sábados, levava as
roupas para casa para experimentar e só as devolvia no sábado seguinte. O que
ocorria nesse meio tempo? Abaixo, o texto.
O último grito da moda
De fato, Santo Antônio da Patrulha é uma cidade pequena. É
tão pequena que as pessoas dos distritos, quando vêm à sede, dizem que estão
indo a Santo Antônio, como se suas localidades não pertencessem ao município em
questão.
Pois bem. Numa cidade assim, o comércio sempre buscou
novidades da moda. Antigamente, quando uma peça nova chegava, dizia-se que era
“o último grito da moda”. Assim, especialmente aos sábados, o povo do interior
vem o centro dar uma espiada nesses últimos “gritos”.
Uma interiorana, professora e amiga minha de longa data,
sempre fez isso. Pobre assim como eu, ela se sujeita a semana toda a salas de
aula, tentando construir conhecimentos com seus alunos. Mas, aos sábados, o
momento é de construir moda. Ocorre que, devido ao grande número de peças de
roupa gostadas por ela, experimentar tudo na loja é sempre difícil. E é aí que
entram nossos lojistas, permitindo que a prova dos trajes seja em casa. Coisa
de cidade pequena, né? Imagine fazer-se isso num shopping center. “Never”.
Dada vez, a tal cliente (com orçamento de magistério sempre
apertado), gostou de roupas demais, incluindo aquela blusa preta que ficava
muito colada a seu corpo. Era a escolha perfeita para um aniversário que teria
no domingo. Porém como adquirir a peça, levando em conta aquelas quatro
prestações azedas? Já que a loja permitia a “prova” em casa, ela colocaria a
blusa em “prova” no aniversário.
Sim, tudo correu bem. A roupa caiu-lhe bem, as pessoas a
elogiaram, ela confraternizou, fim. No sábado seguinte, como de praxe, veio ao
centro devolver as roupas, informando à loja que ficara somente com uma calça
jeans, pois não poderia gastar muito naquele mês. Entregou o sacolão à
vendedora, deu uma entradinha ($$$) na calça e foi a casa.
Só que a vergonha não agiu em prestações, e sim de uma vez
só, um verdadeiro “grito da moda”. A proprietária da loja, na segunda-feira,
logo após o meio-dia, ligou para a professora interiorana, relatando o rasgo
lateral na blusa que, por ser preta, até que o escondia bem. Para contornar a
situação, minha amiga disse não ter percebido rasgo algum e ainda exagerou: “Só
a provei em casa e não havia descostura. Como tem agora?” Após isso, fez aquilo
que muitos moradores dos distritos fazem para encerrar uma conversa: passou a
dizer “alô” repetidas vezes, como se a ligação estivesse caindo. Ufa! Livrou-se
do embaraço, todavia não se livrou da foto enviada por mensagem, acompanhada da
seguinte mensagem: “OLHA ISSO!!!” As letras maiúsculas (que indicam grito)
denunciavam a esperta professora, posando para foto com “azamiga” no tal
aniversário de domingo. Quase morta de vergonha, ela construiu muito pouco
conhecimento com os aluninhos naquela tarde.
Então, preste atenção ao levar roupas para casa, seja no
trato delas ao experimentar, ao tentar usá-las em alguma ocasião ou, como mais
acontecia no passado, dar a roupa à costureira da família para copiar o modelo.
Em tempos de comunicação muito rápida, esses atos são inviáveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário