sexta-feira, 1 de maio de 2020

OPINIÃO | Enfim, a valorização da EaD!


Veio a pandemia, e fomos obrigados a praticar o distanciamento social. Com isso, todas as áreas foram afetadas, mas, talvez, a que mais soube lidar com isso foi a educação. O ensino a distância tornou-se o único meio de dar continuidade às práticas escolares/acadêmicas.

Certamente, você já ouviu alguma posição contrária à educação a distância. Algo do tipo: “EaD não presta, quero aula com o professor na minha frente”. Muito preconceito existiu acerca de tal modalidade de ensino. Boa parte disso se deve ao fato de que as pessoas não são (ou não querem ser) autônomas em seus processos de aprendizagem. Depositam isso em outra pessoa (o professor), que tem a missão de, presencialmente, fazer com que aprendam algo. Finalmente, em 2020, vimos que não é bem assim.

Minha experiência com a EaD começou na UNISINOS, em minha graduação em Letras, em 2000 e “alguma coisa”. Havia o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem. Lembro que, quando isso surgiu, eu logo me matriculei nas disciplinas que seriam ofertadas a distância. Confesso que, de início, minha intenção era baixar o gasto com transporte: quanto mais disciplinas a distância, menos passagens para ir à universidade. Porém o fato é curti a modalidade. Para mim, é muito tranquilo estudar de casa, fazer meus horários, doutrinar-me para isso. Depois da graduação, fiz pós-graduações a distância e atuei como tutor em cursos também a distância. Ou seja, são anos atuando como aluno, tutor ou professor em EaD. Além disso, eu criei dois blogs (um para Inglês e outro para Literatura) para usar com meus alunos, quando eu ainda estava na educação estadual, em tempos em que as ferramentas do Google for Education não existiam.

Com base nessa vivência, penso que há a necessidade de as pessoas perceberem que a educação a distância não é tão a distância assim. Nos cursos dessa forma, há a presença de tutores a distância (normalmente, responsáveis pelos conteúdos) e tutores presenciais (que são os que, de fato, mantém contato, digamos, mais próximo com os alunos, os quais, portanto, não ficam desamparados).

Em 2020, o Brasil precisou usar a EaD de forma quase que massiva. Ela saiu dos bancos universitários e passou aos escolares, pois os professores precisaram oferecer conteúdos e práticas aos discentes, a fim de que a educação não parasse. Claro, ficou pesado para os docentes, pois eles viraram You Tubers, necessitaram aprender a usar certas tecnologias, para que suas aulas continuassem a ocorrer. Todavia isso é ruim? Evoluir nas ferramentas educacionais? Penso que não. É difícil adaptar-se a isso? Sim, é, mas é, também, necessário, pois a figura de um ser escrevendo num quadro, “empurrando” conhecimentos, não deve mais ser a ideal. Não estou dizendo que tal prática seja abolida, mas sim que seja complementada com outras mais, como é o caso das ferramentas da educação a distância.

O ano de 2020 mostrou-nos que a EaD veio para ficar. Mostrou que, se o sistema educacional não investir em tal modalidade, estaremos fadados a perpetuar um modelo de séculos atrás. Precisamos evoluir, precisamos educar melhor, precisamos não depender tanto de atividades presenciais. Que o momento atual sirva de aprendizado a todos, alunos e professores, e que o preconceito acerca da EaD seja superado.