Veio a pandemia, e fomos obrigados a praticar o
distanciamento social. Com isso, todas as áreas foram afetadas, mas, talvez, a
que mais soube lidar com isso foi a educação. O ensino a distância tornou-se o
único meio de dar continuidade às práticas escolares/acadêmicas.
Certamente, você já ouviu alguma posição contrária à
educação a distância. Algo do tipo: “EaD não presta, quero aula com o professor
na minha frente”. Muito preconceito existiu acerca de tal modalidade de ensino.
Boa parte disso se deve ao fato de que as pessoas não são (ou não querem ser)
autônomas em seus processos de aprendizagem. Depositam isso em outra pessoa (o
professor), que tem a missão de, presencialmente, fazer com que aprendam algo.
Finalmente, em 2020, vimos que não é bem assim.
Minha experiência com a EaD começou na UNISINOS, em minha
graduação em Letras, em 2000 e “alguma coisa”. Havia o AVA – Ambiente Virtual
de Aprendizagem. Lembro que, quando isso surgiu, eu logo me matriculei nas
disciplinas que seriam ofertadas a distância. Confesso que, de início, minha
intenção era baixar o gasto com transporte: quanto mais disciplinas a
distância, menos passagens para ir à universidade. Porém o fato é curti a
modalidade. Para mim, é muito tranquilo estudar de casa, fazer meus horários, doutrinar-me
para isso. Depois da graduação, fiz pós-graduações a distância e atuei como
tutor em cursos também a distância. Ou seja, são anos atuando como aluno, tutor
ou professor em EaD. Além disso, eu criei dois blogs (um para Inglês e outro
para Literatura) para usar com meus alunos, quando eu ainda estava na educação
estadual, em tempos em que as ferramentas do Google for Education não existiam.
Com base nessa vivência, penso que há a necessidade de as
pessoas perceberem que a educação a distância não é tão a distância assim. Nos
cursos dessa forma, há a presença de tutores a distância (normalmente,
responsáveis pelos conteúdos) e tutores presenciais (que são os que, de fato,
mantém contato, digamos, mais próximo com os alunos, os quais, portanto, não ficam
desamparados).
Em 2020, o Brasil precisou usar a EaD de forma quase que
massiva. Ela saiu dos bancos universitários e passou aos escolares, pois os
professores precisaram oferecer conteúdos e práticas aos discentes, a fim de
que a educação não parasse. Claro, ficou pesado para os docentes, pois eles
viraram You Tubers, necessitaram aprender a usar certas tecnologias, para que
suas aulas continuassem a ocorrer. Todavia isso é ruim? Evoluir nas ferramentas
educacionais? Penso que não. É difícil adaptar-se a isso? Sim, é, mas é,
também, necessário, pois a figura de um ser escrevendo num quadro, “empurrando”
conhecimentos, não deve mais ser a ideal. Não estou dizendo que tal prática
seja abolida, mas sim que seja complementada com outras mais, como é o caso das
ferramentas da educação a distância.
O ano de 2020 mostrou-nos que a EaD veio para ficar. Mostrou
que, se o sistema educacional não investir em tal modalidade, estaremos fadados
a perpetuar um modelo de séculos atrás. Precisamos evoluir, precisamos educar
melhor, precisamos não depender tanto de atividades presenciais. Que o momento
atual sirva de aprendizado a todos, alunos e professores, e que o preconceito
acerca da EaD seja superado.